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Como entender o fracasso da educação pública num país como o Brasil

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Charge do Junião (junião.com.br)

Sebastião Nery

A educação de qualidade é o fator determinante para o crescimento da economia e, por consequência, do desenvolvimento. Sua ausência determina baixíssima qualificação da mão de obra resultando na baixa produtividade. Educação e economia estão integradas na ordem direta de um país responsável que almeje pela elevação da renda à inclusão social. Sem priorizar a educação torna-se impossível a construção de uma nação desenvolvida. Buscar um padrão educacional moderno a exemplo de países como a Finlândia, Coréia do Sul, Japão e vários outros que construíram modelos educacionais que mudaram a realidade do seu povo deve ser o grande objetivo de um ministro da Educação comprometido com a modernização.

Segundo o excelente analista Rolf Kuntz, em “O Estado de S.Paulo” (25-11-2018), qualquer candidato a cuidar da educação brasileira deveria estar preparado para enfrentar pelo menos as seguintes questões:

1) Por que os alunos brasileiros vão tão mal no Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes?

2) Como melhorar os níveis fundamental e médio do ensino brasileiro, obviamente em condições muito más?

3) Como adaptar o ensino às condições impostas (sim, impostas) pela chamada revolução 4.0?

4) Como preparar professores para formar alunos capazes de atuar com sucesso na economia do século 21?

5) Que experiências bem sucedidas no exterior poderiam proporcionar elementos a um programa de modernização educacional?”

INEFICIÊNCIA – Rolf Kuntz destaca que padrões ideológicos ou religiosos não podem prevalecer na condução da educação brasileira. A ineficiência da educação brasileira tem várias causas e uma delas não é decorrente de o Brasil investir pouco na formação educacional. A baixíssima qualidade da educação nacional não tem como responsável a insuficiência de recursos.

Sua origem está na inexistência de uma política educacional séria, competente e realista. Educação é política de Estado e pauta suprapartidária. A incompetência e irresponsabilidade na gestão dos recursos públicos pela União, Estados e Municípios alimentam e agravam o caos educacional.

O economista, engenheiro eletrônico pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica e professor Ricardo Paes de Barros, ante essa realidade indaga: “Como você coloca 6% do PIB na educação e eles dizem que não sabem como garantir resultados?”

SEM PRIORIDADE – Em 2017, o governo da União aplicou R$ 117,2 bilhões em educação. Sendo R$ 75,4 bilhões no ensino superior e R$ 34,6 bilhões na educação básica. O governo federal nos ensinos básicos e fundamental tem papel supletivo em relação aos Estados e Municípios. A diferença do montante de recursos exemplifica o porquê de o ensino básico e fundamental sofre de déficit educacional histórico. Exatamente as áreas que deveriam ter prioridade maior no recebimento de recursos públicos.

A síntese disso tudo pode ser resumida em uma estrutura educacional viciada, envolvendo União, Estados e Municípios. Prioridades erradas na administração dos recursos destinados à formação das novas gerações é realidade inquestionável. A deficiência no aprendizado, fruto de uma educação sofrível no ensino básico, é agravada pela elevada evasão no ensino médio, travando a construção do futuro de novas gerações e aprofundando a desigualdade da renda e a pobreza para milhões de brasileiros. Todos vítimas de uma péssima educação, como mostra o professor universitário Hélio Duque, autor de vários livros sobre economia brasileira e três vezes deputado federal pelo Paraná.


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